Ao se
olhar no espelho sentiu o toque de algo que se passa ao notar as
linhas em seu rosto, como sulcos que se fundem no solo pelo cravar
constante de pás a marcá-lo com uma tenacidade e obstinação de
quem veio para executar seu trabalho de forma resoluta e objetiva.
Esse algo que passa não se diz diretamente, se pronuncia através
dessas linhas que ao invés de escritas com terna frugalidade, são
fincadas a marretadas na superfície onde ele as registra. O tempo é
ácido, é férreo, impondo sua onipresença repleta de segundos a rasgar a eternidade com sua
inexorabilidade compassada e isócrona. É algoz cronológico da existência,
clamando tudo o que é seu, tudo que por ele passa sem nunca
escapar-lo. Ele é o que sempre resta, pois é o que nunca foi.
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