terça-feira, 24 de julho de 2012

ERRO DATILOGRÁFICO


                                                    
Trabalhava em uma repartição, todos os dias sentava-se a postos a redigir os mais variados documentos; relatórios, protocolos, memorandos, ofícios, enfim, aquela parafernália que compõe toda confluência burocrática característica desses ambientes. Um único detalhe o destacava do restante  fazendo que fosse visto com um certo estranhamento por parte dos seus companheiros de profissão: ao invés do computador ele se utilizava de uma máquina de escrever.

O barulho intenso e constante provocado pelo bater das teclas no papel repercutia por todo o ambiente causando irritação em todos os presentes que sempre lhe indagavam o porquê da insistência no uso de instrumento tão arcaico, barulhento e muito pouco pratico aos quais ele redarguia “ é mais proveitoso”.

O curioso é que a cada erro cometido, ao invés fazer alguma emenda, voltar a datilografar em outra folha, ou encobrir o erro com líquido corretivo; ele arrancava a pequena letrinha inconveniente que aparecera no lugar errado e colocava em um pequeno caneco que ficava a seu lado. Assim fazia toda vez que algo era digitado de maneira indevida; erros de ortografia, um plural indevido, uma crase mal colocada, todos iam parar no caneco o qual no fim do dia terminava cheio.

Ao final do dia repetia um curioso ritual que deixava todos curiosos a olharem meso que de soslaio para sua execução: pegava a caneca repleta dos pedacinhos de papel produto de seus erros, colocava um pouco de água, misturava um pouco e tomava tudo de uma vez só e após aquele lauto hausto, prorrompia proverbialmente:
“ Que erros deliciosos!.” E ia-se.

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