domingo, 15 de julho de 2012

Furacões



Por fora era a personificação da placidez, por dentro; mil revoluções por minuto. Era daquele tipo de torvelinho velado que fica rodopiando quietinho no seu canto com muito cuidado para que sua fúria compacta não se esbarre em nada, em nenhum cristal, ou levante algum poeira alheia. Apenas arrasta tudo que esteja na zona limítrofe de sua revolução delimitada, furacãozinho cercado, contido em seu territoriozinho de tempestade que se explode ao mesmo tempo que se doma.

Era assim que ela era, odiava por dentro, amava por dentro , dentro de seu limite de forma, de corpo que se move impulsionado pelo que poe a vida pra viver. Mas afinal o que é que poe a vida pra viver? O coração não é. Porque quem é que poe o coração pra bater, pra pulsar? Quem faz o olho ver, quem é que bota? Será que é cada um por si só que bota? Quem bota a perna pra andar? A menta pra pensar? E quem é que bota quem bota pra botar? Essas interrogações que giram na cabeça, são os redemoinhos que revolucionam dentro de sua cabeça no seu furor constante, avassalador e ao mesmo tempo contido, d vento contido em arcabouço de cranio, de corpo de pessoinha qualquer que fica retendo furacões dentro de si, que os privam de serem o que são; livres, cegos de fúria levando tudo o que vem pela frente enfim, furacões.

Ela era um gaiola de furacões, os detinha os continha no seu corpo gradeado de aço feito d todos os medos derretidos e fundidos que formavam suas barras rígidas, soldadas qu juntas criavam este corpo de jaula, calabouço de revoluções que aconteciam sem cessar que não davam trégua de pararem de ser, de existirem, de tentar arrebentar e romper tudo que as contém. De vez em quando la abria a boca e la d dentro aqueles redemoinhinhos viam aquele alçapão se abrir formando um luz la em cima que descia por aquela abertura que mais parecia a tampa que haviam colocado no poço o qual eles jaziam no fundo. Ao s apercebem dessa oportunidade, dessa centelha de liberdade que se abira acima deles, iniciavam uma marcha em disparada na direção desta luz para podem ser livres e sair mundo afora rodopiando por onde quiserem sem nada que os impeça de serem o que são. Estes instantes ocorriam no momento em que ela estava prestes a soltar um palavrão, uma verdade, um grito de fúria, de ódio, de raiva, de alegria, espanto mas que por algum motivo ela deixava de soltar e continha todo esse impulso fechando a boca e fazendo com que todo os redemoinhozinhos em disparada se chocassem uns aos outros em sua boca ate que fossem engolidos de volta e voltassem pro seu fundo de poço escuro e úmido. Era gaiola, jaula, calabouço. Isso dependia da natureza do vento, de sua força e do estrago que ele podia causar, dai se tirava o grau de contenção das revoluções internas que nela aconteciam.

Às vezes quando estava quieta , seus redemoinhos, tornado, furacões e até tufões( sim, ela também abrigava tufões) se debatiam com tanta força dentro dela no desejo de sair que do nada vinha aquela vontade de chorar sem saber o motivo mais ai então ela segurava o choro, as lágrimas que estriam prestes a brotar a inundavam por dentro fazendo encher o poço que abrigava os pobres redemoinhozinhos que tentavam volta e meia escapar sem sucesso. Tudo por dentro explodia, uivava de tanta verve querendo verter-se, mas tudo por fora era calmo, quase morto, monótono, embotado. Era de uma languidez rançosa, ressaibos de lesma que ficam no caminho traçado que fazem lembrar de tudo que poderia ter sido se a potencia por dentro fosse. Se soltasse. Mas também se se solta, se se sai, se se rompe oque dela haveria de ser? Ficaria oca, vazia despreenchida de todos esses ventos que lhe inflam, que lhe dão corpo, que a deixam de pé. Iria se tornar vazia, um balão murcho sem forma, sem mais serventia. Jaula vazia.

Talvez tivesse que ser assim mesmo, vai ver ela era um espécie de salvadora do mundo ao salvá-lo diariamente de um catástrofe por não deixar que essa fúria da natureza contida em si se espalhasse acabando com tudo que encontrasse pela frente devastando o planeta inteiro. Então neste ato diário de heroísmo devastava-se por dentro para que o mundo não fosse devastado.

No seu caminhar solitário pelas ruas a se esbarrar nas pessoas, passava despercebida, mal sabendo quem em nela se esbarrava que esbarrara-se na sua própria salvação, e cada um a carregar seu próprio apocalipse no bolso.

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