Fugia de si. Numa tentativa febricitante de encarar fora do espelho o que na sua percepção se dava sempre sob o crivo insólito que perfaz toda experiência pejada de estranhamento que dá-se no abrir de toda identidade: o deparar-se com o tu de si mesmo. O outro que é inferno e fúria abissal feito cratera aberta que tudo absorve pra depois regurgitar dando vazão a uma torrente desgovernada de tudo que se diz, de onde deslizam todas as palavras que se possam dizer daquilo que viceja apesar de estanciar-se numa espécie de limbo alagoso repleto de limo que escorregadia-se não servindo de regaço nem aconchego pra quem nele espera seu juízo, juízo de réu, res. Reificada. Res alter, por haver cometido o crime hediondo e imperdoável de ser, inocentemente ser e ter irrompido na vida raiando ignota de tudo, feito vertigem que se transmuta em traço, traço maldito traçado em cada um que nela, a vida, ousa e nasce.
Foge-se incauto, açodado, com outrossims em forma de pedras a crepitar por debaixo dos pés num atrito constante que ressoa e deliberadamente diz .Que a vida é pedra. E agora fricciona-se avassaladoramente contra tudo que em nela grita ensandecidamente num berrogrogue a expelir em fragorosas cadências incendiadas por toda autoridade da potência: OUTRO! OOOUUTRO!
E o outro que de si sai, caminhando a sua frente a lhe dar as costas, indo ser si mesmo. Fora do si que de si era. Esse outro, não grita, não berra, não clama. Pois já é o próprio grito transmutado em alteridade cuspida pra fora, que não podendo ser outra dentro de si, foi se ser lá fora, do lado de fora, a mesma, mas fora de si. Extrapolando-se.
Num si de mesmos outros.
Em outros de mesmo si.
Fome de ser, fleuma voluntário. Livrando-se da coima de dizer: EU!
Sendo apenas
OUTRO
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